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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Falando de Filme #7 - Espelhos do Medo

Fico um pouco assustado com filmes de terror, propriamente dito. Mas não assustado de medo ou pavor; embora o objetivo de um bom filme de terror, seja isso... mas como hoje já sou crescidinho e não preciso mais dormir de luz acesa (rs), o meu medo na verdade advém da ausência de um bom roteiro, de um bom desenvolvimento da trama (que mesmo que lhe pregue sustos, te deixe envolvido com a história) ou até mesmo da falta de criatividade que uma boa parte dos filmes de terror atual sofrem. Hoje o gênero quase sempre segue - lamentavelmente - a mesma fórmula: espíritos atormentados que começam a assustar o mocinho e a mocinha - ou suas famílias - até que os protagonistas consigam achar um jeito de livrar as almas torturadas do sofrimento eterno. Convenhamos, essas sinopses já estão um pouquinho batidas e só desanima ainda mais quando acrescentadas por elementos mais batidos ainda, que sempre vem junto com o pacote! São eles: crianças aterrorizadas, casas mal-assombradas, velhinhas enigmáticas, uma maldição milenar que assombra o local ou alguém, e agora também importado do Terror Asiático, ainda temos que ver inúmeras vezes menininhas cabeludas que saem de dentro da água, de baixo da cama ou que descem do teto como uma aranha. Mas com toda a sinceridade, nada que me faça desistir do filme... desde que o mesmo possua a boa e velha história MUITO BEM CONTADA. E nesse ponto, Espelhos do Medo não só cumpre essa função, como ainda consegue provocar autênticos arrepios!

Kiefer Sutherland (o famosíssimo Jack Bauer da ótima série policial 24 horas), volta aos cinemas na pele de Benjamin Carson, um sofrido vigia noturno que além de enfrentar um relacionamento conturbado com sua esposa (eles estão quase se separando), ainda precisa superar o fracasso de sua carreira policial, curar sua bebedeira e para piorar, convencer a todos que os espelhos andam se comunicando com ele! Tudo bem, eu sei que parece muito exagerado... e é, à primeira vista. Mas o roteiro é esperto e mesmo criando clichês do gênero, sempre procura fugir deles da maneira mais empolgante possível. A propósito, é interessante comentar que o diretor espanhol Alexandre Aja (também roteirista do filme!) é novato na direção, mas cumpre muito bem seu papel, fornecendo pistas e enquadramentos muito bem feitos, como as tomadas sutilmente elaboradas para nos mostrar imagens espelhadas onde menos imaginamos, como no assoalho bem encerado de uma casa, na mesa bem envernizada, em retrovisores de carros, nas poças de águas e até mesmo na lataria de um brilhoso automóvel. Sinais pequenos, mas genialmente subliminares de que os reflexos estão sempre nos acompanhando, sem muitas vezes percebermos isso. E para piorar - ou melhorar! - o clima de suspense do filme, os espelhos são um show à parte, sendo muito bem focalizados com a exata dimensão de como eles surgem em cena, sempre repentinos, imponentes e tenebrosos. É certo que ficamos com MEDO só de encarar aqueles vidros!

Embora, seguindo a velha cartilha para se criar sustos (como a música mais acentuada, gritos de pessoas, sequências de fobia), Espelhos do Medo se desenvolve de forma sempre tensa, nunca dando-nos a chance de respirar e ainda convence em seu propósito natural de colocar os protagonistas que simpatizamos, como as grandes vítimas do inimigo fantasmagórico. E não falo só do vigia noturno Ben Carson, que nos fornece toda a vontade de torcer para que ele vença aqueles desafios, mas sim, de sua esposa e de seu casal de filhos pequenos. E é ainda mais angustiante nos deparar com crianças completamente ingênuas e que não fazem a menor idéia do mau que está diante deles, ainda sofrendo todos os riscos possíveis. E dentro desse contexto, tenho que parabenizar a atriz Paula Patton, que faz Amy Carson, a esposa de Ben, que atua de forma coerente e sensata, exibindo seu desespero de maneira convincente, como uma mãe exibiria ao ver seus dois filhos pequenos sendo ameaçados por aquilo que ela não entende! Patton, inclusive, me lembrou em alguns momentos a atriz Halle Berry!

Mas o ponto forte de Espelhos do Medo reside mesmo na explicação de como tais espelhos tornaram-se assombrados; uma explicação muito criativa e interessante, que mesmo sendo contada de maneira sobrenatural, ainda assim, possui a excelente habilidade de nos parecer lógica e real. E mesmo que o protagonista principal do filme, o ótimo Kiefer Sutherland, ainda lembre seu herói Jack Bauer de 24hrs (o que é inevitável, tamanha foi a dedicação do ator ao personagem da série!), ele ainda nos surpreende em alguns bons momentos de interpretação, como no choro esbravador dentro de um banheiro diante da morte de um personagem e quando tenta por todas as maneiras eliminar os espelhos da própria casa e convencer a esposa, ainda incrédula, de que não está louco e o que enfrenta é mais sinistro do que se pode imaginar.


Mas depois de tanta correria, apreensão e medo, a surpresa maior do filme é revelada em seus últimos segundos antes do término, quando finalmente, descobrimos que algo mais aconteceu... e é também nesse momento que sentimos que Espelhos do Medo não será uma obra prima incontestável dentro do gênero, como foi O Sexto Sentido ou Os Outros, mas mesmo assim, será lembrado como um filme perturbador e muito angustiante, com um final que consegue jogar - com sagacidade! - sua última cartada.


PS: Para os mais impressionados, o filme nem tem tantas cenas assim de terror "brabo", mas a que envolve a morte de uma mulher na banheira, aconselho pelo menos, a piscarem rápido! (rs)

4 comentários:

  1. Já assisti esse filme e concordo com você no que reporta a cenas pesadas;não são taaaantas assim, apesar do clima tenso do filme. mas... Não me lembro da tal cena da mulher na banheira (lembrei de "O Iluminado"!). Vou ter que rever...

    O filme é bom mesmo. Pode até não se tornar um clássico, mas em meio a uma série de merdas disfarçadas de filmes do gênero que são jogadas a baldes no mercado, esse é um destaque que merece ser visto.

    Até, Marcel!

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  2. A primeira cena do filme, do carinha correndo pelo metrô, é feita para dar aquele choque incial da trama. A parte da mulher na banheira senti como uma forma de forçar outra morte brutal, é agustiante em ver. Dou um 7 pela história em si

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  3. Não é o terror em si ,mas o supense,o clima tenso que me prende...e como vc disse,a trilha sonora faz a diferença`!Tua resenha me dixou intigada em ver o filme!

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  4. Esse eu ainda não assisti e pelo teu post vai valer a pena!

    Abraços meu querido e tenha um Ótimo final de semana =*

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